<font color=0094E0>Uma Festa do tamanho do mundo</font>
No ano em que a crise do capitalismo e a alternativa do socialismo é o tema central, o Espaço Internacional da Festa do Avante! regista uma das mais elevadas participações dos últimos anos – 26 stands, bares e restaurantes, num total de 40 delegações presentes na Festa.
A presença de delegações de partidos comunistas, operários e de esquerda de todo o mundo na Festa do Avante! de 2009 está «ao nível dos seus melhores anos». Quem o diz é Ângelo Alves, membro da Comissão Política e responsável por aquele que é um dos mais espaços que mais curiosidade desperta nos visitantes da Festa, o Espaço Internacional.
A pouco menos de um mês da Festa, que abre no dia 4 de Setembro, estava já confirmada a presença de 40 delegações de vários países do mundo. Destas, 26 estarão representadas no Espaço Internacional, com stands bares ou restaurantes. Como salientou o dirigente do PCP, tal participação «demonstra o prestígio do Partido e da Festa do Avante!». Sobretudo tendo em conta o «grande número de iniciativas internacionais marcadas» – das quais a primeira é o encontro extraordinário de Partidos Comunistas e Operários, a ter lugar na Síria ainda em Setembro. Muitos dos representantes de partidos estrangeiros presentes na Festa seguirão directamente para esse país do Médio Oriente, realçou Ângelo Alves.
Mas não é só o número de delegações presentes que satisfaz o dirigente do PCP. «O Partido tem-se esforçado muito para que os partidos representados no Espaço Internacional reforcem a sua presença política. E está a haver respostas positivas», salientou. Assim, para além da exposição central, da responsabilidade do PCP, «vamos ter três exposições a cargo de três partidos», que ficarão localizadas junto aos stands respectivos: uma, do Partido Comunista de Cuba, dedicada aos 50 anos da Revolução Cubana; outra, concebida pelo Partido Comunista da China, abordará os 60 anos da Revolução Chinesa; outra ainda, da responsabilidade do AKEL, de Chipre, abordará aspectos da história daquele país, como a ocupação turca do norte do território e a luta do seu povo pela reunificação.
A presença do AKEL no Espaço Internacional é, em si mesma, uma novidade, já que este partido, que é presença regular na Festa do Avante!, apenas tinha enviado delegações. Pela primeira vez, os visitantes poderão saber mais sobre os comunistas cipriotas e sobre a luta do povo deste país que, apesar de membro da democrática União Europeia, vive ocupado por forças militares estrangeiras.
A crise e a alternativa
«Capitalismo é crise, socialismo a alternativa» é o lema do Espaço Internacional deste ano. A exposição política central deste espaço, revelou Ângelo Alves, desenvolve-se em torno deste tema (ver texto), abordando as «três vertentes de acusação ao capitalismo: a exploração, a opressão e a guerra». Junto ao Palco da Solidariedade, a mensagem veiculada será directa, adiantou: «a luta é o caminho e o socialismo a alternativa.»
Segundo o dirigente do PCP, a exposição deste ano terá uma concepção diferente das de anos anteriores. Em vez da exposição «clássica», com cartazes, «optámos por uma concepção diferente, baseada em grandes lonas, colocadas na Praça Central, com imagens muito impressivas e uma mensagem política muito clara».
Também num debate, a realizar no domingo à tarde (ver caixa), o tema estará em destaque, nas vertentes do militarismo e da repressão, «tendências de fundo que estão associadas ao próprio desenvolvimento da crise do capitalismo», realçou o membro da Comissão Política. Este debate complementará um outro, a realizar no Fórum do Pavilhão Central, que abordará a crise do capitalismo nas suas vertentes económica e social. É que a crise, afirmou Ângelo Alves, é «um tema muito vasto e preferimos abordá-lo assim».
Duas faces da crise
Militarismo e repressão
«A crise do capitalismo, repressão e militarismo» é o tema de um dos debates do Palco da Solidariedade, no Espaço Internacional. Não querendo adiantar aquilo que estará em discussão nessa sessão, o Avante! pediu a Ângelo Alves para levantar um pouco o pano…
Acedendo à solicitação, o dirigente comunista salientou que fenómenos como a repressão e o militarismo são inerentes à própria natureza do capitalismo e que, quando o sistema é confrontado, como agora, com «expressões da sua crise sistémica, estas vertentes assumem maior visibilidade». Em sua opinião, a situação internacional «está a confirmá-lo».
Não foi com a alteração da administração norte-americana, salientou, que o sistema «deixou de apostar no militarismo e na guerra». Isto é visível «desde a América Latina ao aprofundamento da guerra no Afeganistão, passando por um conjunto de acções de desestabilização que estão a afectar praticamente todos os continentes».
A inclusão do tema da repressão «tem muito a ver com a situação que se está a viver um pouco por todo o mundo, mas particularmente na Europa». Na opinião do dirigente do PCP, «existe uma pressão para conter revoltas sociais e a acção política organizada e orientada das forças mais consequentes, nomeadamente o movimento sindical e o movimento comunista». Os exemplos são muitos na Europa: proibição de partidos e organizações de juventude comunistas; restrição aos direitos e liberdades; ataques directos ao movimento sindical. «A estas tendências não podemos deixar de associar a revisão da história, a reabilitação do fascismo e do nazismo.»
«Isto não pode deixar de ser associado à própria crise, pois o sistema tem que conter as explosões sociais que são inevitáveis», afirmou Ângelo Alves, para quem a crise «está longe do fim». Sobretudo para os trabalhadores e os povos.
Palco Solidariedade
Chipre, América Latina e muita animação
Para além do debate sobre a crise, haverá mais dois no espaço internacional, a fazerem jus ao palco onde se realizam, Solidariedade de seu nome. Às 15 horas de sábado, estará em análise a situação de Chipre. Para Ângelo Alves, a escolha do tema deve-se à vontade do PCP em «dar uma grande visibilidade à questão cipriota num ano em que as negociações com a Turquia atravessam um momento crucial». Esta é também uma forma de «afirmar a solidariedade dos comunistas portugueses com o povo de Chipre e com a sua luta pela reunificação do seu país».
Às 17.30 horas, debate-se a situação da América Latina. O dirigente do PCP prevê que será um debate longo, de cerca de duas horas e meia, pois os temas abordados «serão imensos»: dos 50 anos da Revolução cubana aos processos de integração na América Latina, passando pela situação particular de alguns países, como as Honduras, e pelo papel da Colômbia no jogo do imperialismo naquele subcontinente. Neste debate participam representantes de vários partidos daquela região.
O ritmo da Solidariedade
Num palco em que o ritmo é a solidariedade, a amizade e a luta, a música tem um papel destacado. Os sons quentes da América Latina e de África estão já confirmados, assim como um – inédito – momento de poesia em português.
Particular atenção deverá merecer a actuação do consagrado cantautor uruguaio Andrés Stagnaro, que se desloca solidariamente a Portugal (a expensas próprias) para actuar no Palco da Solidariedade. Sendo de valorizar a atitude do poeta e músico oriundo do Uruguai, não é de estranhar, já que Andrés Stagnaro tem uma longa e frutuosa ligação ao nosso País: em 1999, participa no projecto Maré Alta em torno das comemorações dos 25 anos do 25 de Abril, fazendo uma digressão pelo País mostrando o seu disco Luna del Plata; em 2005, organiza no seu país uma homenagem à língua portuguesa; e, no ano seguinte, apresenta em Montevideu Las canciones de José Afonso. Nesse mesmo ano, actua na Festa do Avante!. Já em 2009, lança Entre dos Lunas, onde musicaliza e canta poetas portugueses, em castelhano, e uruguaios, em português.
A pouco menos de um mês da Festa, que abre no dia 4 de Setembro, estava já confirmada a presença de 40 delegações de vários países do mundo. Destas, 26 estarão representadas no Espaço Internacional, com stands bares ou restaurantes. Como salientou o dirigente do PCP, tal participação «demonstra o prestígio do Partido e da Festa do Avante!». Sobretudo tendo em conta o «grande número de iniciativas internacionais marcadas» – das quais a primeira é o encontro extraordinário de Partidos Comunistas e Operários, a ter lugar na Síria ainda em Setembro. Muitos dos representantes de partidos estrangeiros presentes na Festa seguirão directamente para esse país do Médio Oriente, realçou Ângelo Alves.
Mas não é só o número de delegações presentes que satisfaz o dirigente do PCP. «O Partido tem-se esforçado muito para que os partidos representados no Espaço Internacional reforcem a sua presença política. E está a haver respostas positivas», salientou. Assim, para além da exposição central, da responsabilidade do PCP, «vamos ter três exposições a cargo de três partidos», que ficarão localizadas junto aos stands respectivos: uma, do Partido Comunista de Cuba, dedicada aos 50 anos da Revolução Cubana; outra, concebida pelo Partido Comunista da China, abordará os 60 anos da Revolução Chinesa; outra ainda, da responsabilidade do AKEL, de Chipre, abordará aspectos da história daquele país, como a ocupação turca do norte do território e a luta do seu povo pela reunificação.
A presença do AKEL no Espaço Internacional é, em si mesma, uma novidade, já que este partido, que é presença regular na Festa do Avante!, apenas tinha enviado delegações. Pela primeira vez, os visitantes poderão saber mais sobre os comunistas cipriotas e sobre a luta do povo deste país que, apesar de membro da democrática União Europeia, vive ocupado por forças militares estrangeiras.
A crise e a alternativa
«Capitalismo é crise, socialismo a alternativa» é o lema do Espaço Internacional deste ano. A exposição política central deste espaço, revelou Ângelo Alves, desenvolve-se em torno deste tema (ver texto), abordando as «três vertentes de acusação ao capitalismo: a exploração, a opressão e a guerra». Junto ao Palco da Solidariedade, a mensagem veiculada será directa, adiantou: «a luta é o caminho e o socialismo a alternativa.»
Segundo o dirigente do PCP, a exposição deste ano terá uma concepção diferente das de anos anteriores. Em vez da exposição «clássica», com cartazes, «optámos por uma concepção diferente, baseada em grandes lonas, colocadas na Praça Central, com imagens muito impressivas e uma mensagem política muito clara».
Também num debate, a realizar no domingo à tarde (ver caixa), o tema estará em destaque, nas vertentes do militarismo e da repressão, «tendências de fundo que estão associadas ao próprio desenvolvimento da crise do capitalismo», realçou o membro da Comissão Política. Este debate complementará um outro, a realizar no Fórum do Pavilhão Central, que abordará a crise do capitalismo nas suas vertentes económica e social. É que a crise, afirmou Ângelo Alves, é «um tema muito vasto e preferimos abordá-lo assim».
Duas faces da crise
Militarismo e repressão
«A crise do capitalismo, repressão e militarismo» é o tema de um dos debates do Palco da Solidariedade, no Espaço Internacional. Não querendo adiantar aquilo que estará em discussão nessa sessão, o Avante! pediu a Ângelo Alves para levantar um pouco o pano…
Acedendo à solicitação, o dirigente comunista salientou que fenómenos como a repressão e o militarismo são inerentes à própria natureza do capitalismo e que, quando o sistema é confrontado, como agora, com «expressões da sua crise sistémica, estas vertentes assumem maior visibilidade». Em sua opinião, a situação internacional «está a confirmá-lo».
Não foi com a alteração da administração norte-americana, salientou, que o sistema «deixou de apostar no militarismo e na guerra». Isto é visível «desde a América Latina ao aprofundamento da guerra no Afeganistão, passando por um conjunto de acções de desestabilização que estão a afectar praticamente todos os continentes».
A inclusão do tema da repressão «tem muito a ver com a situação que se está a viver um pouco por todo o mundo, mas particularmente na Europa». Na opinião do dirigente do PCP, «existe uma pressão para conter revoltas sociais e a acção política organizada e orientada das forças mais consequentes, nomeadamente o movimento sindical e o movimento comunista». Os exemplos são muitos na Europa: proibição de partidos e organizações de juventude comunistas; restrição aos direitos e liberdades; ataques directos ao movimento sindical. «A estas tendências não podemos deixar de associar a revisão da história, a reabilitação do fascismo e do nazismo.»
«Isto não pode deixar de ser associado à própria crise, pois o sistema tem que conter as explosões sociais que são inevitáveis», afirmou Ângelo Alves, para quem a crise «está longe do fim». Sobretudo para os trabalhadores e os povos.
Palco Solidariedade
Chipre, América Latina e muita animação
Para além do debate sobre a crise, haverá mais dois no espaço internacional, a fazerem jus ao palco onde se realizam, Solidariedade de seu nome. Às 15 horas de sábado, estará em análise a situação de Chipre. Para Ângelo Alves, a escolha do tema deve-se à vontade do PCP em «dar uma grande visibilidade à questão cipriota num ano em que as negociações com a Turquia atravessam um momento crucial». Esta é também uma forma de «afirmar a solidariedade dos comunistas portugueses com o povo de Chipre e com a sua luta pela reunificação do seu país».
Às 17.30 horas, debate-se a situação da América Latina. O dirigente do PCP prevê que será um debate longo, de cerca de duas horas e meia, pois os temas abordados «serão imensos»: dos 50 anos da Revolução cubana aos processos de integração na América Latina, passando pela situação particular de alguns países, como as Honduras, e pelo papel da Colômbia no jogo do imperialismo naquele subcontinente. Neste debate participam representantes de vários partidos daquela região.
O ritmo da Solidariedade
Num palco em que o ritmo é a solidariedade, a amizade e a luta, a música tem um papel destacado. Os sons quentes da América Latina e de África estão já confirmados, assim como um – inédito – momento de poesia em português.
Particular atenção deverá merecer a actuação do consagrado cantautor uruguaio Andrés Stagnaro, que se desloca solidariamente a Portugal (a expensas próprias) para actuar no Palco da Solidariedade. Sendo de valorizar a atitude do poeta e músico oriundo do Uruguai, não é de estranhar, já que Andrés Stagnaro tem uma longa e frutuosa ligação ao nosso País: em 1999, participa no projecto Maré Alta em torno das comemorações dos 25 anos do 25 de Abril, fazendo uma digressão pelo País mostrando o seu disco Luna del Plata; em 2005, organiza no seu país uma homenagem à língua portuguesa; e, no ano seguinte, apresenta em Montevideu Las canciones de José Afonso. Nesse mesmo ano, actua na Festa do Avante!. Já em 2009, lança Entre dos Lunas, onde musicaliza e canta poetas portugueses, em castelhano, e uruguaios, em português.